O salário mínimo nacional é atualizado anualmente pelo governo federal, geralmente a partir de 1º de janeiro, após estudos técnicos e análises econômicas. Para 2026, a proposta encaminhada no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) prevê aumento para R$ 1.631, o que representa uma variação de 7,44% em relação ao piso atual, de R$ 1.518.
Assim, o reajuste supera, ainda que levemente, o avanço registrado entre 2024 e 2025, quando o acréscimo foi de R$ 106. Caso o Congresso aprove o valor, o novo salário mínimo começará a ser pago em fevereiro de 2026, referente ao trabalho realizado em janeiro.
A proposta integra um orçamento que estabelece limite de despesas primárias de R$ 2,428 trilhões, reforçando o peso que a medida exerce nas contas públicas e no planejamento econômico do país.
Como é feito o cálculo do reajuste do salário mínimo?
O cálculo do reajuste do salário mínimo segue uma política que considera, principalmente, dois indicadores econômicos: a inflação acumulada e o crescimento da economia.
Para isso, o governo utiliza o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Esse indicador acompanha a variação de preços de itens essenciais (alimentação, transporte, saúde, entre outros) para famílias com renda de até cinco salários mínimos.
Nos últimos anos, o reajuste também passou a incluir o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), garantindo ganho real sempre que a economia apresentar expansão. Então, quando o país cresce, o salário mínimo tende a avançar acima da inflação. Porém, em cenários de estagnação, o aumento pode ser mais contido.
Para 2026, a previsão utiliza:
- INPC de 12 meses encerrado em novembro: 4,78%.
- Ganho real estimado: 2,5%.
Poder de compra
A atualização anual do salário mínimo busca impedir a perda do poder aquisitivo causada pela inflação. Mesmo quando há aumento nominal, sem a correção adequada, o trabalhador passa a consumir menos, especialmente em categorias essenciais.
Levantamentos recentes do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostram que a alimentação é a despesa de maior peso no orçamento de quem recebe o salário mínimo. Em março de 2025, 52,24% da renda líquida do trabalhador que recebe o piso nacional foi destinada à compra da cesta básica.
Entre os 13 produtos que compõem a cesta, itens como tomate, açúcar e arroz apresentaram aumentos expressivos, pressionando ainda mais o orçamento familiar.
Diante desse cenário, benefícios corporativos como o vale-alimentação ganham relevância. Afinal, além de assegurar alimentos durante a jornada, funciona como atrativo para trabalhadores formais, reduzindo o peso da alimentação sobre o orçamento doméstico.
Quais são os impactos causados pelo aumento do salário mínimo?
O reajuste do salário mínimo afeta diretamente trabalhadores formais, servidores públicos e beneficiários do INSS que recebem o piso nacional. O impacto também alcança categorias que têm o salário vinculado ao mínimo, como trabalhadores rurais e empregados domésticos.
Com o novo valor aprovado, benefícios sociais e previdenciários vinculados ao piso nacional, como aposentadorias, pensões e o Benefício de Prestação Continuada (BPC), também serão atualizados.
Do ponto de vista fiscal, a elevação do salário mínimo amplia os gastos públicos. Estimativas do governo indicam que cada R$ 1 aumentado gera impacto anual de R$ 429,3 milhões, enquanto a arrecadação previdenciária cresce R$ 7,4 milhões. Isso resulta em uma redução líquida de aproximadamente R$ 422 milhões no resultado do governo.
Apesar disso, o aumento do piso também funciona como estímulo à economia, já que eleva o consumo e aquece comércio e serviços, movimentando diferentes cadeias produtivas.